Segundo o vereador Alcides Cardoso, a rua da Imperatriz já foi um dos principais corredores do comércio do Recife e encontra-se em situação difícil com imóveis fechados por falta de fluxo, além de outros aspectos. “Tenho um lado afetivo pelo local e recordo que era um verdadeiro shopping center a céu aberto. São muitas lojas fechadas, diante da diminuição da circulação de pessoas. A falta de segurança e covid-19 apenas aceleraram o processo. Outro fator é o transporte público e os comerciantes proprietários continuam tendo que arcar com uma alta carga de impostos e não podem fazer reformas nos prédios. Fiz o requerimento nº 4314/2022 com a finalidade da rua ser incluída na Lei do Recentro e gostaria de saber se a proposição será acolhida pela Prefeitura”.
Evânia Margolis e Horácio Amorim, em nome dos proprietários de imóveis da Rua da Imperatriz, fizeram uma série de indagações ao Recentro. Dentre elas, a concessão emergencial de incentivos fiscais, transporte público, reordenamento do trânsito, dentre outras questões. “Existe algum planejamento para a recuperação e revitalização da casa de Clarisse Lispector, bem como o memorial na praça Maciel Pinheiro? Na rua da Imperatriz encontra-se a casa de Joaquim Nabuco. Existe algum cronograma para a recuperação da casa e incluí-la no programa de roteiro turístico da cidade? Estamos aqui unidos e vestindo essa camisa para alertar ao poder público sobre a degradação da Rua da Imperatriz. São 79 lojas ao todo, 36 abertas e 43 fechadas. Estas 43 lojas fechadas gerariam 2000 empregos”, destacou Evânia.
João Paulo da Silva, do Recentro, explicou o papel do órgão e de como o mesmo pode atuar no centro do Recife. Ele considerou valorosa a participação dos atores da sociedade e que um pedido foi protocolado sobre a inclusão da Rua da Imperatriz na lei de incentivos do Recentro. “A gente tem se reunido com outras cidades do Brasil para entender como é que elas estão operando a requalificação dos centros históricos. O processo de esvaziamento dos centros históricos é nacional e não conseguimos promover uma requalificação dessa área central no curto prazo. A requalificação do centro não depende só do poder público. É muito importante que os atores da sociedade também construam junto conosco essas estratégias. Por isso que o gabinete do Recentro está sempre aberto ao diálogo. Protocolamos um pedido, no início do mês de abril, à Secretaria de Finanças para que ela estude a viabilidade de inserção desse território na lei do Recentro e estamos monitorando essa análise”.
João Paulo também citou que foi lançado, nesta terça-feira (9), o projeto Rota do Comércio com o objetivo de incentivar e dinamizar o comércio. “Todos vocês já podem acessar o projeto: www.rotadocomercio.com.br e, por meio dessa plataforma, o usuário pode encontrar o segmento que deseja, a loja que quer visitar, identificar quais são as paradas de ônibus e as linhas que circulam perto daquela loja. Além de exibir os estacionamentos de Zona Azul, estacionamentos privados, estações de bike e, também, conseguir entender quais são os atrativos turísticos que estão nas proximidades. Nesse projeto, estão incluídas a Rua da Imperatriz e a Rua Nova, numa parceria com o Clube de Diretores Lojistas (CDL) e Secretaria de Desenvolvimento Econômico”.
O comandante do 16º Batalhão de Polícia Militar de Pernambuco, tenente-coronel Hugo, garantiu o reforço do policiamento da Rua da Imperatriz já a partir desta quarta-feira. "Estamos mudando o policiamento e verificando onde se encontram as manchas criminais e também vamos adotar providências na Rua da Imperatriz a partir de hoje. Ela é uma artéria de grande importância na cidade. Ela dá acesso à Rua do Aragão, à Rua Manoel Borba, à Ponte da Boa Vista e à Praça Maciel Pinheiro. A Rua da Imperatriz fará parte do nosso planejamento como um dos locais principais de grande circulação da população, e de grande importância para que a gente possa mudar essa realidade", explicou.
Por sua vez, a delegada da Polícia Civil de Pernambuco, Isabela Porpino, detalhou que a corporação precisa que a população faça o registro de boletins de ocorrência para que alguma medida seja tomada a partir das notificações. Segundo a delegada, a ausência dos registros dificulta o trabalho investigativo da Polícia Civil. "Nós vemos comentários de que o Centro está tendo um aumento da criminalidade, principalmente de crimes patrimoniais como roubo, furto, sobretudo com o uso de arma branca. No entanto, isso não chega ao nosso conhecimento por meio de boletim de ocorrência", afirmou. A delegada disse, ainda, que o 16º BPM está fazendo a qualificação e identificação das pessoas que vivem em situação de rua, "mas a segurança pública depende de outras políticas públicas para ser mais efetiva".
Já a secretária de Turismo do Governo de Pernambuco, Nathalie Mendonça, abordou a importância do restauro da Rua da Imperatriz e da memória afetiva com o Centro do Recife e a população. "Estamos preocupados e atentos para que possamos encontrar uma solução para a Rua da Imperatriz e para o Centro do Recife que possa atender todo mundo enquanto população", disse.
O vereador Luiz Eustáquio (PSB), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, ressaltou que era grande a preocupação com a Rua da Imperatriz, defendeu incentivos e investimentos na segurança. “Realmente, estamos precisando de uma solução e incentivo, na minha opinião, além da questão da segurança. E eu não falo apenas da Rua da Imperatriz, mas de toda aquela região porque ali tem moradias e ruas de grande comércio. Um lugar com grande concentração de pessoas morando na rua é na Praça Maciel Pinheiro. Eles moram ali por diversos fatores. Infelizmente, nós temos distribuição de drogas, então é preciso investigar. Vemos muitos imóveis desocupados e lojas desocupadas que [pertencem] à pessoas que já sobreviveram do comércio e agora estão devendo IPTU porque não conseguem pagar. Acho que a gente tem que encontrar uma saída para essas pessoas. Moradias populares com condições, em algumas áreas, seriam ideais. O nosso centro é maravilhoso e lindo”.
Kelly Pereira, representando a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), citou um projeto sobre mudança na circulação do trânsito na Rua da Imperatriz. “Recebemos essa missão do prefeito João Campos sobre a mudança de circulação. E um dos pedidos que foi nos feito é a questão da reordenar a Imperatriz com a inclusão do veículo. Hoje, a CTTU tem invertido as diretrizes e tem favorecido mais o pedestre e menos o veículo. Que seja um alinhamento forte em tudo o que for feito naquela região para que, no futuro, a gente possa entender essa necessidade”.
Representando a gerência de planejamento estratégico do Grande Recife, Cícero Monteiro abordou a diferença da população que frequenta e trabalha no Centro da cidade há cerca de 20 anos, quando veículos trafegavam na Imperatriz. "Mas a gente percebe que uma caminhada de pouco mais de 150 metros da parada mais próxima da Conde da Boa Vista até a Imperatriz é tolerável e contempla o consumidor que depende do transporte público. No entanto, aguardamos a decisão de mudança do Centro do Recife para que possamos nos posicionar em relação às eventuais alterações de linha, ou pensar numa forma de aproximar as linhas da rua", disse.
Presente no debate, o vereador Rinaldo Junior (PSB) se colocou à disposição dos comerciantes e da segurança pública para contribuir com o tema. "O nosso Recife precisa ter o zelo e cuidado que merece".
Encaminhamentos - O proponente da audiência pública, o vereador Alcides Cardoso citou dois encaminhamentos, ao final da discussão, para a formação de dois grupos de trabalho. "O primeiro pode ser com os vereadores, já vou convidar Rinaldo Junior e Luiz Eustáquio para participar junto com os comerciantes, proprietários e algumas secretarias. O outro grupo tem que ser formado pelo Recentro, CTTU, Emlurb, Secretaria de Turismo de Pernambuco e do Recife, Secretaria de Segurança e os proprietários para que possamos discutir uma ação conjunta de melhoria do local", informou.
Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.
Em 10.05.2023
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